Já ouviu aquele ditado “time que está ganhando não se mexe”? Pois bem, parece que essa é exatamente a estratégia do PT quando o assunto é a sucessão presidencial. O partido não cogita abrir mão de Lula em 2026 e só deve discutir um nome para substituí-lo em 2030. Quem garante isso é o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso.
Durante entrevista ao Estadão, Randolfe foi categórico: “Nunca cogitamos outro plano senão o Lula presidente novamente. O campo democrático, que não é o campo da esquerda, sem o Lula, não chega na esquina. Eventual sucessão de Lula? A gente pensa para 2030. Agora, não há plano B.”
A declaração veio no mesmo fim de semana em que foram definidas as novas presidências do Congresso, abrindo caminho para uma possível reforma ministerial. A ideia é garantir mais espaço para o centrão e, assim, manter a coalizão que ajudou a eleger Lula em 2022. Mas não basta mexer no tabuleiro político: a popularidade do presidente também é um fator determinante para a permanência dessa base aliada.
Popularidade em xeque e estratégia de comunicação
Pesquisas recentes mostram que a aprovação de Lula está sofrendo desgastes, impulsionada principalmente pelo alto preço dos alimentos e pela polêmica do PIX, quando o governo sugeriu monitorar transações acima de R$ 5 mil e teve que recuar diante da reação negativa.
Para Randolfe, esses problemas foram pontuais e podem ser revertidos com uma comunicação mais eficaz. Ele aposta na capacidade de Lula como “o maior comunicador da história brasileira” para virar o jogo. O presidente, inclusive, tem intensificado sua presença em eventos e concedido mais entrevistas.
Reforma ministerial e os rumos da base aliada
A reforma ministerial que está sendo desenhada pode beneficiar especialmente o PSD, partido que já ocupa três ministérios, mas que pode ganhar ainda mais espaço. Esse movimento tenta evitar que a legenda migre para a oposição, ainda mais após as recentes críticas de Gilberto Kassab, presidente do partido, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Kassab chegou a afirmar que Haddad é “fraco” e que, se a eleição fosse hoje, Lula perderia. O presidente rebateu com ironia: “Quando eu vi a história do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque como ele disse: se a eleição fosse hoje, eu perderia, eu olhei no calendário e percebi que a eleição vai ser só daqui a dois anos, eu fiquei muito despreocupado, porque hoje não tem eleição”.
Quanto a Haddad, Lula defendeu seu ministro e lembrou que ele teve papel fundamental na PEC da Transição, que garantiu recursos para que o governo pudesse operar em 2023.
O que esperar para 2026?
Com a reeleição como meta principal, o governo aposta em uma combinação de fatores: fortalecimento da base aliada, melhora na percepção popular sobre sua gestão e uma estratégia de comunicação que mantenha Lula no centro do debate público. O “plano B”? Pelo menos por enquanto, segue fora do radar.
Se o ditado está certo e “time que está ganhando não se mexe”, o PT parece disposto a manter sua estrela maior no jogo até onde der.